EDIÇAO ITALIANA

A Grande Síntese, 1ª edição, Editor

Ulrico Hoepli - Milão, 1937.

A Grande Síntese é hoje oferecida ao público italiano reunida em volume, depois de haver aparecido em fascículos em Ali del Pensiero, revista de Biosofia, de Milão, e de ter suscitado vivo interesse, não só na Itália, mas de modo notável também no estrangeiro. Tanto assim que, desde o início, as revistas Constancia de Buenos Aires e Reformador do Rio de Janeiro empreenderam sua tradução e publicação, enquanto o Correio da Manhã, o mais importante diário do Brasil, divulgou grande parte numa seção especial. Agora estão para aparecer em volume, também, a edição espanhola em Buenos Aires e a portuguesa no Rio de Janeiro, enquanto se está fazendo a tradução para outras línguas.

Portanto, querer apresentar esta obra seria fora de propósito, uma vez que sua primeira edição é lançada — caso bem raro — depois de ela haver já percorrido muitas estradas pelo mundo, e de seu eco já se ter feito ouvir em todos os principais centros europeus e sul-americanos, ultrapassando, por sua própria força, fronteiras e oceanos. Além disso, a vastidão e profundidade dos conceitos abarcados em A Grande Síntese se tornam impossível de abordá-los em uma breve introdução, que só tem por objetivo a sintetização do conteúdo daquela obra.

Este livro quase não é filho de nosso tempo, não só por sua ousada e avançada concepção, como também porque não se dobra ao apressado e míope hábito hodierno, que julga as obras pelo estilo e pela forma, em vista da incapacidade de penetrar sua essência. Não é apenas uma síntese doutrinária de ciência humana, nem um simples sistema filosófico. Sua substância supera todas essas aparências, das quais emerge em todo o seu eterno esplendor, de suprema realidade vital.

Não é possível, pois, analisar esta obra com os métodos habituais da crítica douta, nem trazê-la para as tradicionais categorias do saber, já que ela transcende e completa os conhecimentos atuais. É uma vibração do pensamento, irradiado pelos superiores planos conceptuais: embora necessariamente constrangida nos limitados esquemas das palavras, é força viva, que opera no profundo da alma humana. É doutrina em seus elementos, é fé em seu conjunto.

Por isso, A Grande Síntese tem uma força própria que a fez e a fará caminhar por si mesma no mundo, espontaneamente. Força que transparece através de um estilo e de uma entonação desusados, que talvez poderão desconcertar o leitor novo. Que ele não pare, todavia. Penetre seu texto como construção conceptual racional e objetiva do todo. Depois, se quiser, poderá indagar a respeito do “fenômeno” e de sua gênese. Por que esta Grande Síntese, independente da substância que a anima e dos objetivos visados, é também o "fenômeno Síntese". Mas isto é uma questão à parte, colateral e de natureza muito diferente, independente, — é bom repetir — do tratado considerado como objetivo e racional.

O "fenômeno" implica, ao invés, a transferência a pontos de vista supernormais, obriga a enfrentar problemas psicológicos que nossa ciência — confessemo-lo — não sabe resolver. Por isso, o próprio Ubaldi fez disso o objeto de um especial e separado exame, no volume As Noúres (edições Hoepli, 1937) ao qual enviamos o leitor que deseja, após tê-la lido, conhecer a técnica genética e formativa a que se deve A Grande Síntese.

Baste ainda observar aqui, que este livro se coloca na linha das grandes correntes mundiais, que operam em nosso tempo para a salvação dos valores espirituais da humanidade. E que ele assume o peso e a responsabilidade dessa luta — fato que é também um vaticínio — no momento em que o mundo oscila desorientado, entre o fim de uma civilização já decrépita e o nascimento de outra nova e maior.

A palavra, por vezes da ciência fria, é apenas o meio sensível, adaptado à psique raciocinante de nossa época, de uma realidade vibrante e viva, que opera e vence para o bem dos homens.

MARC‘ANTONIO BRAGADIN