"Cotia, 2 de maio de 1969.

Nazarius,

Respondo a sua carta de 21 de abril.

Estamos ainda em Cotia. Voltaremos para S. Vicente semana que vem.

A saúde está controlada, cada mês vou ao médico em S. Paulo, que vai sempre a S. Vicente e poderá me controlar. Ele me diz que estou melhorando. Meu peso aumentou em 2 kg.

O clima de Cotia é bastante saudável para mim.

Ficaremos em S. Vicente o inverno todo.

Aproveitei os três meses aqui para trabalhar. Concluí o livro A Técnica Funcional da Lei de Deus, que tomou o lugar do livro Pensamentos. Iniciei o livro Cristo, que vai progredindo bem. Fica faltando somente um livro para terminar a Obra. Para publicá-la toda. Faltam cinco livros.

Ótimo o novo número de Avancemos.

Vejo que você recebeu diretamente do Cônsul as notícias de Brasília.

Dê as minhas notícias a Clóvis, a Dr. Albano e a D. Iracema.

Agora, faço só a primeira cópia à mão, ilegível, que dito ao gravador. Agnese copia à máquina as gravações feitas.

Esperamos você em julho, quando quiser.

Saudades a todos os amigos de Campos.

Um grande abraço do seu

Pietro Ubaldi"

"S. Vicente, 10 de junho de 1969.

Nazarius,

Escrevi-lhe em março e início de maio, da casa de campo. Espero que tenha recebido as duas cartas.

No dia 19 de maio voltamos para S. Vicente. Você pode chegar quando quiser. Não me afasto daqui.

Recebi os pacotes de Avancemos, até o número 20.

Estou sempre trabalhando no livro Cristo. Agora tenho que parar uma semana para responder a todas as cartas, que vão se amontoando enquanto escrevo livros. Ainda não iniciei a gravação do livro Cristo. Quero estar mais adiantado.

Anexo os impressos para você, Clóvis e Dr. Albano.

Saudades ao Prof. Clóvis, a Dr. Albano e a todos os amigos de Campos.

Pietro Ubaldi"

COMENTÁRIO

A vida de Pietro Ubaldi é muito metódica, ele é disciplinado, organizado, tranquilo, não tem pressa. Para ele, cada coisa deve estar em seu lugar. Está chegando ao fim e tem consciência disso. Faltam-lhe apenas dois volumes para concluir a missão: Pensamentos e Cristo. Este já começou em março de 1969, em Cotia, na casa de campo, ambiente propício à recepção do livro Cristo.

Sua convicção de que a Obra estaria completa no Natal de 1971 era tanta, que, ao terminar A Técnica Funcional da Lei de Deus, na Páscoa de 1969, registrou em seu prefácio:

“É conhecido o conceito de uma Lei que tudo dirige. Mas não basta falar dela em termos gerais. Por isso, neste volume, nos adentramos no tema, para ver com que técnica funciona a Lei. O conhecimento alcançado é de extrema utilidade prática porque explica as causas da dor e como não semeá-las, evitando suas consequências. Desse modo, aprende-se a conhecer qual é a gênese de nosso destino, e a corrigi-lo quando estiver errado. A vida é canalizada ao longo de sua própria via de desenvolvimento, aprendendo-se, assim, a viver não loucamente como acontece com os involuídos, mas de forma inteligente, como os evoluídos, de acordo com uma técnica, verdadeira arte, técnica essa que se pode chamar a técnica da libertação.

Este livro é, pois, prático, utilitário, benéfico, porque através de uma cerrada psicanálise, conduz-nos a Deus. É um livro que, por meio de uma racional planificação da vida, leva à redenção e à salvação. Mas, para compreendê-lo, seria bom ler os livros precedentes, os mais recentes que deram origem a este, pelo menos um deles: O Sistema, porque as referências à teoria aí exposta, sobre S (Sistema) e AS (Anti-Sistema) são frequentes. Terminei este trabalho no meu octogésimo terceiro ano de idade, 1969, atravessando uma enfermidade que ameaçou matar-me. Mas o espírito venceu, a Lei funcionou como já descrevi neste volume, e assim posso pôr-me ao trabalho de um novo livro, a fim de que a Obra nascida no Natal de 1931, esteja acabada no devido momento, isto é, no Natal de 1971.”

Repetimos: estas palavras foram escritas na Páscoa de 1969, depois do enfarte em 10 de julho do ano anterior. A certeza era tanta que nem a doença o impediu de repetir a profecia.