"S. Vicente, 3 de dezembro de 1971.

Nazarius,

Recebi a sua carta de 23 de novembro.

Já tenho a nova edição de A Grande Síntese.

A saúde é sempre a mesma, fisicamente fraco, mas mentalmente bem acordado. Assim continuo sempre trabalhando.

Antes de 10 de janeiro, não viajaremos para Cotia, de modo que você me encontra sempre. Assim poderei abraçar o caro amigo e trocar idéias.

Recebo regularmente o Avancemos e agradeço.

Quando você chegar encontrará publicado o meu livro Pensamentos: parte II, Análise de Casos Verídicos, e parte I, Como Orientar a Própria Vida, que está traduzida e sairá logo depois. A parte III deixei de lado, porque espero alguns acontecimentos.

Cada parte ou volume é de 150 páginas impressas.

Quando chegar aqui explicarei tudo melhor.

Saudades de nós todos, também para os amigos de Campos. Até breve.

Um abraço do seu

Pietro Ubaldi"

COMENTÁRIO

Dezembro de 1971, mês de alegria para Pietro Ubaldi. Completou o seu trabalho para “A Editorial Kier S. A.”. Viu sua A Grande Síntese retornar ao público, há mais de 10 anos esgotada. Sem Direitos Autorais, a LAKE pediu-lhe permissão para fazer nova edição, sem ônus de tais direitos, Ubaldi cedeu prontamente, ainda ofereceu os demais livros, nas mesmas condições.

“A parte III deixei de lado, porque espero alguns acontecimentos.”

Estes acontecimentos chegaram: adoeceu no mês seguinte, foi hospitalizado e desencarnou em 29 de fevereiro de 1972. Mais uma profecia que se cumpriu. Se tivesse de viver mais alguns anos, era seu desejo de continuar escrevendo livros pequenos, simples e práticos. Todavia sua Obra estava terminada, conforme as profecias e foi dito por ele na carta número noventa e sete, em 18 de agosto de 1971, ao completar 85 anos.

Como vimos na missiva acima, o livro Pensamentos é constituído de duas partes: Como Orientar a Própria Vida e Análise de Casos Verídicos.

A sua maior glória foi a de ter concluído o Cristo, prefaciando-o naquele Natal:

“O presente volume representa o termo conclusivo de uma Obra em 24 volumes perfazendo cerca de 10.000 páginas. Trata-se de um longo caminho, do qual este escrito constitui-se na fase de maturação alcançada – à guisa de coroamento.

 

Podemos dizer, agora: esta Obra está completa, bastando observar o ritmo musical segundo o qual ela se desenvolveu e se concluiu. Nasceu no Natal de 1931 e terminou neste Natal de 1971.”

Ao encerrar o livro Cristo, suas últimas palavras foram para os que buscam uma vida e um mundo melhor. Para isso, existe um caminho, o da evolução, que ele nos legou com a sua Obra e o seu exemplo:

“Um degrau após outro, no final da Obra e da vida, encontro-me, agora, de olhos abertos diante da Lei de Deus. Escrevendo, fui à escola e aprendi. Mas, ao mesmo tempo, quis explicar também aos outros. Todavia, eu não posso fazer com que o desejo de transmitir se possa adquirir por simples leitura de livros. Isto porque não posso mudar a Lei que exige que a ascensão só se realiza com o esforço pelo qual se conquista sua própria evolução. Nestas condições, contudo, o caminho pode ser percorrido e a meta atingida por todos. É por isso que, com a Obra, contei uma tão longa história!

É a história de uma alma em evolução. Ela poderá interessar a quantos estejam prontos e dispostos a percorrer tal caminho. Por isto, tracei-a e a descrevi nos 24 volumes que se sucederam, dos quais, este é o último. Isto para o bem de quem quiser tirar proveito dela.

Eu estava desorientado e agora tenho como orientar-me; duvidava e agora estou seguro; estava desar-monizado no caos e agora estou em harmonia na ordem do Todo; então, não sabia e agora sei. O meu desejo é que tanto trabalho permita que também outros compartilhem destes benefícios, dos quais, por ter seguido este caminho, agora, no fim da minha vida, posso usufruir.”

Estes foram os três últimos parágrafos do livro Cristo. Encerrou apontando-nos o caminho de nossa redenção espiritual e dando o maior testemunho à humanidade. O leitor se recorda dos conselhos, das lições, dos ensinamentos seguros que dava a Nazarius e servem para todos nós. Foram palavras de conforto, de esperança, de fé, de profunda sabedoria, de conhecimento da Lei, de vivência do Evangelho, de colóquios com o Cristo etc. Quem assim viveu, não estava desorientado, nem duvidava, nem vivia desarmonizado, nem desconhecia a sabedoria Divina; pelo contrário vivia em perfeita paz com sua consciência, porque obedecia à vontade da Lei.

Pietro Ubaldi era humilde diante de Deus e dos homens!