Pietro Ubaldi & Nazarius

"S. Vicente, 5 de outubro de 1970.

Nazarius,

Agradeço a sua carta de 26 de setembro.

Por intermédio de Wilson Werneck lhe enviei um pacote com uma entrevista na Cidade de Santos, com o seguinte bilhete: “Eis a entrevista. Um exemplar para você e outro para Clóvis, ambos mencionados na entrevista, grifado em vermelho. Agradeço pelo seu presente no envelope, que me deixou comovido, e pelas suas boas palavras.”

Há tempo lhe enviei outra entrevista na Gazeta de S. Paulo – 1º de agosto.

Ótimo, que foi aberta uma livraria Espírita em Campos.

Soube que a LAKE quer fazer novas edições dos seguintes livros que estão esgotados e são procurados:

Grandes Mensagens,

A Grande Síntese,

A Nova Civilização do Terceiro Milênio,

Deus e Universo.

Eu continuo envelhecendo, enfraquecendo e trabalhando. Isto é natural aos 85 anos.

Ficaremos em S. Vicente até janeiro.

Esperamos vocês nas suas férias.

Recebi o Avancemos de setembro.

Adelaide já se formou em Ciências Econômicas, aqui em Santos. Agora entrou na Faculdade de Matemática, em S. Paulo e aí se formará. Assim poderá ensinar Matemática em S. Paulo.

A posição do meu trabalho atual é a seguinte:

Estou bem adiantado com o livro Cristo. Mas preciso gravá-lo em fitas, ele está em italiano. Depois precisa batê-lo à máquina. Para imprimir um livro, custa 15 a 20 milhões. Irrealizável, porque custa demais;

Desde o início de 1970 escrevi outro livro, de tamanho menor, intitulado: Como Orientar a Própria Vida. Estamos trabalhando para imprimi-lo na Itália, em italiano; na Suíssa, em francês; nos Estados Unidos, em inglês; na Argentina, em espanhol. Imprimi-lo no Brasil custa demais e agora não temos dinheiro. Estou escrevendo outro ainda sem título;

A minha missão está se cumprindo. Pelo restante não sou responsável.

Chegou da Itália o meu novo livro, impresso em italiano: Como Orientar a Própria Vida.

Enviarei um exemplar para você nestes dias. Pelo momento tenho só poucos exemplares. Enviarei a Clóvis, quando chegar mais.

Recebi Avancemos de outubro, o costumeiro pacote.

Agradeço, saudades, seu

Pietro Ubaldi"

"S. Vicente, 18 de novembro de 1970

Nazarius,

Recebi a sua carta de 25 de outubro.

Em anexo, lhe envio a posição da Obra de que já falei na última carta, isto é, dos cinco volumes que faltam ainda para ser impressos, dos vinte e quatro.

Você pode fazer um cópia para o Clóvis, de modo que os amigos saibam qual o ponto em que me encontro a respeito do término da Obra, que deverá estar completa no Natal de 1971, depois de quarenta anos de trabalho.

Como você vê, mantive a minha palavra, como previsto na “Introdução” ao livro Profecias.

No início de 1971, a LAKE vai fazer outra edição de A Grande Síntese.

Agradeço ao Prof. Medeiros que falou na Escola Jesus Cristo sobre A Grande Síntese.

Espero você, quando quiser. Não vou embora até o fim de janeiro.

Um grande abraço de todos nós, seu

Pietro Ubaldi"

COMENTÁRIO

Do alto dos seus 85 anos de existência (vivendo por antecipação), Pietro Ubaldi nos mostra como é a vida, conceptualmente em sua Obra e experimentalmente através de seu exemplo. Viveu intensamente a vida no seu lado mais belo e sublime, o espiritual. Foi o dono da vida e será senhor da morte. Já pode repetir as palavras de Paulo a Timóteo: “Combati o bom combate, acabei a carreira e guardei a fé.” (2 Tm 4:7). Infelizmente, nem todos nós podemos dizer isto, mesmo vendo os exemplos de tantos que nos antecederam na grande viagem. Parabéns Professor Pietro Ubaldi!

No Prefácio de Como Orientar a Própria Vida, existem dois parágrafos primorosos que merecem reflexões de todos nós:

“A vida é um impulso de crescimento, é um anseio em direção à perfeição e à felicidade. A grande aspiração é subir, mesmo se cada um o faz a seu nível. Nisso se manifesta a lei de evolução. Devemos evoluir e para isso a vida é aquele laboratório onde encontramos os mais variados instrumentos e ingredientes, isto é, uma escola de experimentação para aprender. A primeira coisa que é necessário compreender, sobretudo os jovens construtores da vida, é que esta é um trabalho de construção de si mesmo através de provas variadas, cada um sujeito àquelas mais adaptáveis ao seu desenvolvimento.

A vida é uma coisa séria, a ser percorrida com consciência e responsabilidade, sabendo a que dores podem levar-nos os nossos erros. É necessário, então, saber como é construída a Lei, para evitar tais erros e as dores que se seguem. Esta Lei pode ser chamada a Lei de Deus, porque exprime o Seu pensamento; pensamento que dirige cada fenômeno, em todos os níveis de evolução e planos de existência.”

Somente quem viveu os princípios acima expostos pode dar uma orientação tão segura, como ele, a respeito da vida. Este é um assunto que mereceu estudo do Autor de A Grande Síntese em muitos outros volumes.

 

"Cotia, 29 de junho de 1970.

Nazarius,

Estamos ainda na casa de campo.

Pelo momento planejamos ficar nesta casa de campo, perto de S. Paulo, até a metade de julho.

Ainda não chegaram os números de Avancemos de maio e junho. Cláudio me deu alguns. Peço-lhe enviar-me mais exemplares do que o normal.

Escrevi também a Clóvis.

Chegou a minha carta para você com o endereço do Cláudio para saber onde me encontro?

Sempre trabalhando. Saudades, seu

Pietro Ubaldi"

 

"S. Vicente, 25 de agosto de 1970.

Nazarius,

Desculpe-me o atraso em responder a sua carta de 26 de julho.

Nos primeiros dias de agosto voltamos para S. Vicente. Logo adoeci. O médico falou que foi reajuste climático, devido à diferença de pressão atmosférica, clima etc. Coisas às quais o meu organismo é sensível. Nada de grave. Está passando. Também a gripe passou.

Ótimo você transferir a sua visita para o fim do ano. Parabéns pela tiragem de 3.000 exemplares de Avancemos.

Em anexo, uma entrevista, um exemplar para você e outro para Clóvis, ambos mencionados nela.

Saiu um artigo meu na revista Conocimiento de Buenos Aires (Argentina) – agosto de 1970.

Foi publicada uma entrevista minha na revista Evolución de Caracas (Venezuela).

Sai cada mês um artigo meu na revista Attualità, Piacentine (Itália).

Agradeço-lhe de todo coração, pelas suas boas palavras de carinho pelo meu aniversário, na carta e no telegrama.

Agradeço-lhe, também, pelo cheque anexo em sua carta. Você é o amigo de sempre. Orarei a Deus por você, que o ajude em tudo.

Todos aqui lhe enviam abraços e um grande para você, do seu

Pietro Ubaldi"

COMENTÁRIO

Pietro Ubaldi completou neste 18 de agosto 84 anos, o penúltimo aniversário de sua vida na Terra e continua exercendo a mesma atividade intelectual e espiritual, como se a velhice não batesse à sua porta. Livros, correspondência, artigos para jornais etc. Tudo era cuidadosamente bem feito.

É impressionante o que ele escreveu em “O Meu Caso Parapsicológico”, penúltimo capítulo de Um Destino Seguindo Cristo, em 1966:

“O que me maravilha, com um corpo de oitenta anos, em natural desfazimento, com um cérebro fisicamente anquilosado pelas células paradas, tendentes à inércia, sempre menos adaptado à ágil função de pensar, é que eu possa conceber com clareza e encontre fadiga apenas no trabalho de tradução verbal dos conceitos, preocupado com a exatidão fotográfica da expressão à medida que o organismo físico se enfraquece. Tudo isso me faz sentir também como seja absurdo que a morte possa matar-me, porque, com a aproximação de tal estado de consciência, em vez de haver enfraquecimento, como acontece com o físico, ocorre revigoramento. Este trabalho para mim é vital, dá-me um sentido de alegria. Direi: é nutritivo; como se ele me alimentasse, absorvendo-o de uma fonte de vida. Ele me fortalece a parte que não é humana, aquela em que sinto sobreviver, sem ser perturbado pela morte; naquela zona, ela não pode alcançar-me. A passagem a outro tipo de vida, ficando desperto no superconsciente, para mim doravante não é mais apenas teoria, porém sensação. Já tenho em mãos o resultado de todo o fenômeno: ter-me avizinhado, no longo caminho da minha evolução, um passo a mais em direção à vida feliz, do Sistema, e me afastando do Anti-Sistema, e me afastando do Anti-Sistema, feito de dor e de morte. Realizar uma parte de minha redenção, por pequena que seja, representa a máxima valorização do próprio trabalho. O meu ponto de partida na vida foi a procura do seu significado; o conteúdo dela foi ter-lhe dado um sentido e haver vivido para realizá-lo; o resultado final é ter cumprido o meu dever e possuir as respectivas vantagens.”

Notável é a consciência que ele tem da velhice e de seu amadurecimento espiritual. O testemunho mostrando a atuação do seu superconsciente é algo que me impressiona e muito. Este é o nosso caminho: extrapolar o consciente e procurar viver, também, no superconsciente. Aos 84 anos esse fenômeno era ainda mais acentuado em Pietro Ubaldi.

 

"S. Vicente, 28 de janeiro de 1970.

Nazarius,

Respondo a sua carta de 22 de janeiro.

Agradeço-lhe pelo pacote de Avancemos, número 28.

Kokoska providenciará o seu pedido de livros.

Atrasamos a saída para Cotia. Mas será nos primeiros dias de fevereiro.

Não repare se na sua visita eu falei pouco e sem entusiasmo. O fato é que eu estava esgotado por ter reordenado meus papéis na nova prateleira.

Agora tudo está em ordem e voltei ao meu trabalho, com o novo livro. Retornarei depois ao livro Cristo, porque são as últimas palavras deste que encerrarão a Obra no Natal de 1971.

Saudades de todos nós,

Um grande abraço de seu

Pietro Ubaldi"

 

"Cotia, 10 de abril de 1970.

Nazarius,

Estamos ainda em Cotia. Recebi de S. Vicente a sua carta de 22 de março de 1970. Calculamos voltar a S. Vicente em maio. Aqui recebo toda a correspondência.

Se você aparecer em S. Vicente em junho ou julho, avise-me a tempo para eu confirmar se estarei em S. Vicente, porque não sei se no inverno voltaremos alguns dias para cá.

De Brasília, recebi todas as informações sobre o V Encontro: cópias datilografadas, impressos, fotos, fotocópias de mais de 60 páginas etc. Anexa lhe envio uma apreciação sobre a Obra feita por Dr. Gonzalo Sanches, do consulado da Venezuela, que está na Guiana. Veio de lá a Brasília, para os cinco dias do Encontro, dois por dia. Muitos professores, médicos, engenheiros etc. Um chegou da universidade da Bahia. Todos participaram da comemoração.

As notícias foram transmitidas do dia 2 a 13 de março, pela imprensa, Rádio e Televisão. Da TV Nacional foram retransmitidas pela Embratel, assim foram vistas e ouvidas em S. Paulo e Rio. Esteve sempre presente o Brigadeiro José Vaz da Silva (Comandante da 4o Zona Aérea, de S. Paulo). Foram recebidos telegramas de quatro ministros (Justiça, Educação, Trabalho e Agricultura), dos quais tenho fotocópias. Foram recebidas Mensagens de vários estados da América Espanhola e da Europa.

Destes Encontros são publicados os Cadernos Ubaldianos, um por ano. Até agora saíram os primeiros quatro, de 1966, 67, 68 e 69, que já chegaram a S. Vicente, mas ainda não os recebi. O caderno de 1970 sairá depois. Enviá-los-ei, logo que retornar a S. Vicente.

Um dos conferencistas, engenheiro, teve a oportunidade de entregar a sua conferência sobre problemas econômicos, “Inflação Monetária”, ao Sr. Ministro da Fazenda.

Tudo foi bem organizado. Um orador foi entrevistado pela TV. Alguns chegaram de Rosário (Argentina), outro enviou sua conferência da Colômbia etc. A livraria do Cônsul estava cheia dos meus livros, outras livrarias também os tinha.

Transmita estas notícias a Clóvis e a Dr. Albano.

O Cônsul está entusiasmado. Para fazer tudo isto, precisou de muito trabalho, tempo e despesa. Ele tem secretárias em sua loja para ajudá-lo.

Aqui, estou sempre escrevendo, retornei ao livro Cristo, que está bem adiantado.

De saúde, estou sempre na mesma. Posso trabalhar muito bem.

Saudades a todos as amigos de Campos.

Um grande abraço do seu

Pietro Ubaldi"

COMENTÁRIO

Estamos apresentando Cotia de 1970, não a Cotia de hoje, com todas as ruas asfaltadas e parte dos problemas da capital, inclusive os assaltos. Naquela época isso não existia. A “casa de campo” localiza-se a 24 km do centro de São Paulo e a 12 km de Pinheiros (bairro da capital). Fica na margem da estrada Raposo Tavares. Em 1970, Cotia tinha poucas residências e muitas árvores exuberantes. O silêncio era total, somente perturbado pelo cantar dos pássaros e o barulho natural dos animais. Local próprio para realizar qualquer trabalho intelectual, mais ainda para escrever obras como as de Pietro Ubaldi.

A Lei, que se faz presente em tudo na vida de cada um, mesmo quando não é percebida, nunca abandonou o místico da Úmbria. No fim de sua vida veio dar-lhe mais um testemunho. Para quem lhe é obediente, todas as necessidades lhe são providenciadas.

Estava na hora de escrever o Cristo e Cotia proporcionou ao seu Autor mais facilidade para entrar em contato com as correntes noúricas do que o ambiente tumultuado de S. Vicente. Em Cotia o esforço era menor. Quando escrevia, elevava-se espiritualmente, como mostra em Ascese Mística e As Noúres. Para falar de Cristo, tinha de penetrar naquele Cristo que brotava de si mesmo, como disse S. Agostinho: “Senhor, muito me fatiguei, procurando-Te fora de mim, quando Te encontras em mim.”

Pietro Ubaldi iniciou a sua missão, escrevendo as Mensagens e A Grande Síntese numa grande chácara, a Tenuta Santo Antonio, na Itália, no meio de muitas árvores frondosas; nada mais justo do que terminá-la em uma chácara pequena, no Brasil, tão bela quanto a outra. As ruas de Cotia, 1970, eram semelhantes à estrada de Colle Umberto (Peruggia), terra batida, pelo menos até 1986, quando fomos conhecer a Tenuta Santo Antonio. O livro necessitava daquele silêncio para ser escrito e o seu Autor o merecia, pelos 40 anos de vida missionária: Cristo, o último volume da coleção e coroamento de toda a Obra.

 

"Cotia, 31 de maio de 1970.

Nazarius,

Respondo a sua carta de 7 de maio. A precedente, já lhe respondi.

Recebi o jornalzinho até abril. Cláudio me mostrou o correspondente ao mês de maio que está ótimo, com as notícias sobre o Encontro V, em Brasília. O pacote deve ter chegado em S. Vicente. Trarão para cá, quando a neta for a S. Vicente.

Já escrevi a Clóvis, que queria visitar-me em S. Vicente. É provável que continuemos aqui em Cotia, não sei ainda até quando. Escrevi-lhe para visitar-me em junho.

Se você quiser vir até aqui pode saber o caminho com Cláudio Picazio (Av. Paulista, 1195 – Bloco2 – Apto 5 – São Paulo), mas é difícil. São quilômetros sem condução, a pé. Não sei se Cláudio poderá trazê-lo. Em geral, aparece aqui aos sábados e domingos. Além disso, aqui não há hotéis. Em casa só temos dois dormitórios para 5 pessoas e não há lugar para você dormir.

Os meus livros não chegaram a Campos, porque Kokoska não recebeu sua carta. Escreva-lhe outra registrada.

No Dicionário Esotérico, de Zaniack, Editorial Kier (Buenos Aires – Argentina), nas páginas 240 e 241 há uma notícia sobre mim (vida e obra) e na página 113 outra sobre A Grande Síntese, em espanhol.

Tenho que enviar uma notícia maior sobre minha vida e Obra ao Dicionário de Autores, de Gonzalez Porto Bompiani, editado por Montaner Y Simóm S. A. – Barcelona (Espanha).

Outra notícia igual, tenho que enviar para uma enciclopédia brasileira de auto-retratos filosóficos.

Pediram-me da Europa um livro sobre a Obra, para publicar em francês e italiano. Iniciei-o em 15 de fevereiro e acabei-o em 15 de abril. No fim de abril estava todo gravado. Ontem estava batido à máquina e enviado via aérea. Foi um trabalho duro, escrever um livro em dois meses. Agora posso voltar ao livro Cristo, que foi interrompido.

Saudades a todos os amigos de Campos.

Um grande abraço, seu

Pietro Ubaldi"

COMENTÁRIO

Pietro Ubaldi foi preciso em suas previsões. Falta-lhe pouco mais de um ano para completar a missão e a Obra. Os dois livros estão praticamente escritos: Cristo e Pensamentos. O primeiro em fase de conclusão e o segundo faltando a segunda parte. Para cada volume, fez um pequeno resumo, que temos o prazer de oferecer aos nossos leitores:

Grandes Mensagens – Introdução e início da Obra, de origem exclusivamente inspirativa; na edição brasileira existe uma biografia do Autor.

A Grande Síntese (Síntese e Solução dos Problemas da Ciência e do Espírito) – Traça o caminho que o ser percorre por meio da evolução, desde o plano da matéria até o do espírito, e mostra a via de retorno a Deus, fenômeno fundamental do universo e escopo supremo da vida. O problema da consciência é sintetizado numa visão unitária, definida e monista.

As Noúres (Técnica e Recepção das Correntes de Pensamento) – Mostra que elas existem e como se pode captá-las pela intuição.

Ascese Mística – Explica o fenômeno místico e como foi vivido pelo Autor.

História de um Homem – O Autor analisa as várias fases de sua vida, sobretudo em função de A Grande Síntese e Ascese Mística, quando a Igreja colocou, em 1939, aqueles dois volumes no Índex dos livros proibidos.

Fragmentos de Pensamento e de Paixão – Aplicação dos princípios expostos nos volumes precedentes, dos vários problemas individuais e sociais.

A Nova Civilização do Terceiro Milênio – Mostra que a idéia central, o escopo da Obra, é o de contribuir, conceptualmente, à formação da nova civilização que está para surgir; faz previsões sobre o novo Cristianismo e estuda o fenômeno místico vivido por S. Francisco.

Problemas do Futuro (Problema Psicológico, filosófico e Científico) – Propõe e apresenta solução aos problemas mais díspares, fundamentais ao conhecimento.

Ascensões Humanas – Aqui o Autor volta a observar a evolução da vida, em seu aspecto espiritual.

Deus e Universo – Revela as primeiras origens do universo e o aspecto cósmico do ciclo involução-evolução do ser.

Profecias – Aqui, o autor faz profecias que se cumpriram integralmente; interpreta Nostradamus, o Apocalipse de João e profetas do Velho Testamento.

Comentários – Apresenta opiniões e críticas à primeira Obra, escrita até 1951, inclusive as cartas de Albert Einstein.

Problemas Atuais (O Novo Mundo) – Faz uma crítica a Maquiavel, trata da Estabilidade Monetária, da patogênese do câncer e da teoria da reencarnação.

O Sistema (Gênese e Estrutura do Universo) – É uma teologia científica, que traça o caminho da existência de ser e suas primeiras origens, mostrando a Obra de Deus na criação.

A Grande Batalha – Descreve a luta que o indivíduo espiritualizado deve sustentar no ambiente terrestre, diante da necessidade prática, contrastando com o ideal.

Evolução e Evangelho – Examina a posição do Evangelho diante da realidade da vida e sua moral utilitária.

A Lei de Deus – Com palavras simples, explica como funciona, no mundo, o pensamento diretivo de Deus.

A Técnica Funcional da Lei de Deus – Mostra o mecanismo das forças espirituais em ação – suas trajetórias e reações – como se pode corrigir os destinos errados, qual é a redenção e salvação e como, racionalmente, planifica-se a vida.

Queda e Salvação – Analisa o fenômeno involutivo, do espírito à matéria, descida; anterior ao evolutivo, da matéria ao espírito, subida, estudado em A Grande Síntese.

Princípios de Uma Nova Ética – Trata-se de uma nova moral, racional e elevada, apoiada em bases científicas, e estuda a personalidade humana e seu destino, sob uma nova psicanálise, psicodiagnose e psicosíntese, estuda o sexo sob uma ética social.

A Descida dos Ideais – Aqui se fala de Teilhard de Chardin, J.P. Sartre, a crise do Catolicismo, Cristianismo e Comunismo, Trabalho e Propriedade, Ciência e Religião etc.

Um Destino Seguindo Cristo – Neste volume o Autor narra suas experiências espirituais nos 40 anos dedicados à Obra.

Pensamentos – Mostra a cada um como orientar-se na vida e, através de casos verídicos, como é possível observar o funcionamento da Lei de Deus.

Cristo – Analisa a Sua personalidade, o Evangelho e os problemas sociais; Cristo é aquela figura central do fenômeno evolução-redenção-salvação.

 

"S. Vicente, 1º de novembro de 1969.

Nazarius,

Agradeço pelo telegrama do meu aniversário.

A sua entrevista comigo em junho de 1968, publicada nos números 13 e 14 de Avancemos, saiu na Revista Estudos Psíquicos de Lisboa, fevereiro de 1969 – no 2. Recebi de lá esta revista. A Entrevista foi publicada na íntegra.

O Cônsul esteve aqui por dois dias (17 e 18 de agosto), veio para o meu aniversário. Entrei no meu 84º ano de idade.

Recebi O Mensageiro. Agradeça, de minha parte, a Dr. Aluízio Barroso pela sua gentileza.

Recebi os números de Avancemos até 25, este com a “Oração a Deus”.

Não me afasto de S. Vicente até o verão, ou seja, até os primeiros dias de janeiro de 1970. Espero-o com muita alegria, quando quiser, antes dessa data. Depois iremos para Cotia.

A saúde está mais ou menos na mesma. Com a vida bastante controlada, vou indo. Consulta ao médico e exames de laboratório uma vez por mês. Remédios e cuidados de Agnese.

Faço o meu passeio duas vezes por dia, sem afastar-me mais de 500 metros da casa sempre acompanhado por Agnese. Estou fraco, porém, sem sofrimentos, o que é muito; com a mente bem acordada.

Continuo sempre escrevendo e gravando o livro Cristo, que vai muito bem.

O Cônsul está trabalhando duro para o novo Encontro de 1970!

Em anexo, um jornal de Montevidéu sobre os meus livros.

Envio tantas saudades minhas a Dr. Albano, a Clóvis e a todos os amigos de Campos. Como vai o Clóvis? Diga-lhe que sempre me lembro dele nas minhas preces, pedindo pela sua felicidade a Deus.

Um grande abraço de nós todos e do seu de sempre

Pietro Ubaldi"

COMENTÁRIO

A Oração mencionada na carta, é uma das mais belas orações que o mundo conhece. Ela se encontra no capítulo 50 de A Grande Síntese. Foi concebida com o seu receptor, praticamente, em estado de êxtase, devido à sublimidade de seu conteúdo. Neste momento, ele estava no “plano de consciência místico-unitária” (V. Ascese Mística). Vejamos:

“Adoro-te, recôndito Eu do universo, alma do Todo, Meu Pai e Pai de todas as coisas, minha respiração e respiração de todas as coisas.

Adoro-te, indestrutível essência, sempre presente no espaço, no tempo e além, no infinito.

Pai, amo-Te, mesmo quando Tua respiração é dor, porque Tua dor é amor; mesmo quando Tua Lei é esforço, porque o esforço que Tua Lei impõe é o caminho das ascensões humanas.

Pai, mergulho em Tua potência, nela repouso e me abandono. Peço à fonte o alimento que me sustente.

Procuro-Te no âmago, onde Tu estás, de onde me atrais. Sinto-Te no infinito que não atinjo e donde me chamas. Não Te vejo e, no entanto, ofuscas-me com Tua luz; não Te ouço, mas sinto o tom de tua voz; não sei onde estás, mas encontro-Te a cada passo, esqueço-Te e Te ignoro, no entanto, ouço-Te em toda a minha palpitação. Não sei individuar-Te, mas gravito em torno de Ti, como gravitam todas as coisas, em busca de Ti, centro do universo.

Potência invisível que diriges os mundos e as vidas, Tu estás, em Tua essência, acima de toda a minha concepção. Que serás Tu, que não sei descrever, nem definir, se apenas o reflexo de Tuas obras me enceguece? Que serás Tu, se já me assombra a incomensurável complexidade desta Tua emanação, pequena centelha espiritual que me anima integralmente? O homem Te busca na ciência, invoca-Te na dor, Te bendiz na alegria. Mas na grandiosidade de Tua potência, como na bondade de Teu amor, estás sempre além, além de todo pensamento humano, acima das formas e do devenir, um lampejo do infinito.

No ribombar da tempestade está Deus; na carícia do humilde, está Deus; na evolução do turbilhão atômico, na arrancada das formas dinâmicas, na vitória da vida e do espírito, está Deus. Na alegria e na dor, na vida e na morte, no bem e no mal, está Deus; um Deus sem limites, que tudo abarca, estreita e domina, até mesmo as aparências dos contrários, que guia para seus fins supremos.

E o ser sobe, de forma em forma, ansioso por conhecer-Te, buscando uma realização cada vez mais completa de Teu pensamento, tradução em ato de Tua essência.

Adoro-Te, supremo princípio do Todo, em Teu revestimento de matéria, em Tua Manifestação de energia; no inexaurível renovar-se de formas sempre novas e sempre belas; eu Te adoro. Conceito sempre novo, bom e belo, inesgotável Lei animadora do universo. Adoro-Te grande Todo, ilimitado além de todos os limites de meu ser.

Nesta adoração, aniquilo-me e me alimento, humilho-me e me incendeio; fundo-me na grande Unidade e coordeno-me na grande lei, a fim de que minha ação seja sempre harmonia, ascensão, oração, amor.”

É uma oração mística e de muita elevação espiritual, sobretudo quando estamos mergulhados nas profundezas de nós mesmos e descobrimos Deus em nós.