Mas, afora os corpos que, aquém de H e além de U, prolongam a série de formas de  γ , a escala, naturalmente, continua, mesmo onde a matéria não é mais matéria. Continua, na visão monística que vos exponho, nas formas dinâmicas, até às mais altas formas de consciência. Do urânio ao gênio, traçaremos uma linha que deverá ser contínua. Mesmo nas formas dinâmicas temos semelhante progressão de períodos: raios X; vibrações que desconheceis: raios luminosos, caloríficos e químicos: espectro visível e invisível desde o infravermelho até o ultravioleta; vibrações eletromagnéticas; outras vibrações que desconheceis e, finalmente, vibrações acústicas. A tendência da série estequiogenética ao período setenário e à progressão por oitavas, repete-se aqui. As formas acústicas dividem-se, por sua vez, numa oitava menor, assim como a luz no espectro. Das formas dinâmicas, passa-se às psíquicas, começando pelas mais baixas, em que o psiquismo é mínimo, os cristais. Nestes, a matéria não soube elevar-se a organizações mais complexas que as de unidades químicas coletivas, que representam quanto a matéria possa conter de α : o psiquismo físico, que é o menor psiquismo da substância. Os cristais são sociedades moleculares, verdadeiros povos organizados e regidos por um princípio de orientação matematicamente exato; nesse princípio reside o citado psiquismo. Vedes que a cristalografia vos oferece sete sistemas cristalinos, que são a gradação de um conceito cada vez mais complexo, de um psiquismo cada vez mais evidente, que se revela de acordo com planos e eixos de simetria, regulados segundo critérios exatos.

Do triclínico ao monométrico, através do monoclínico, do trimétrico, do trigonal, do dimétrico, do hexagonal, ou dos sistemas que, se têm nomes diferentes, são no entanto substancialmente idênticos, subimos mais uma oitava, ao reino vegetal, e depois ao reino animal, com o expoente psíquico cada vez mais profundo e evidente. Dos protozoários aos vertebrados, através das grandes classes dos celenterados, vermes, equinodermes, moluscos e artrópodes, só existe mais uma oitava. Vossa zoologia classifica os animais existentes em sete tipos. Chegamos assim, através de repetições rítmicas de graduação fundamental e do retorno de períodos constantes da matéria, máxima condensação da substância, às superiores formas de consciência humana, para vós, a máxima espiritualização.

Agora, podeis ter a visão da unidade da Lei e do meu Monismo. Da zoologia chegamos ao mundo humano. Mas toda a vida, mesmo a vegetal, tem um só significado: construção de consciência, transformação de β em α. Todas as formas de vida são irmãs da vossa e lutam por subir para a mesma meta espiritual, que é o objetivo de vossa vida humana. A escala dos estados psíquicos, que a vida percorre até alcançar-vos, parte das primeiras formas inconscientes de sensibilidade vegetal, percorre as fases de instinto, intuição inconsciente, raciocínio (a vossa atual fase), consciência, intuição consciente ou superconsciência. Esta vos espera e vo-la indiquei como novo sistema de pesquisa. Seguem as unidades coletivas em que as consciências se coordenam em mais vastos e complexos organismos psíquicos, como a família, a nação, a raça, a humanidade e as formas de consciência coletiva que as correspondem.

 Assim nasce a síntese espiritual desse vertiginoso metabolismo, que é a vida, à qual se sujeita a matéria nos mais altos graus de evolução. Pensai: o sistema planetário do núcleo e dos elétrons que giram vertiginosamente no seio do átomo, que na molécula se combina com outros sistemas planetários atômicos, coordenando-se num sistema orgânico mais complexo, o qual, por sua vez, é envolto num turbilhão ainda mais profundo, produzido pelo intercâmbio orgânico, na célula. Que é a célula num organismo? Como é vertiginoso nascer, viver, morrer! A vida é troca e a cada momento mudais a matéria de que sois compostos. É uma corrente que jamais pára. É maravilhoso turbilhão do qual nasce o pensamento, a consciência, o espírito. Aí palpita a matéria toda, acesa em sua mais íntima essência, com indômita febre de ascensão. Eis a nova, tremenda grandeza divina que vos mostrarei.

Entretanto, esse imenso fenômeno não é apenas progressão de formas que individuam as etapas do grande caminho ascensional (aspecto estático); não é só movimento do transformismo evolutivo (aspecto dinâmico do universo), mas representa a exteriorização de um princípio único, uma Lei que se encontra em toda parte. Esse princípio, que define o andamento de qualquer fenômeno, pode exprimir-se graficamente na forma de uma espiral, em cujo âmbito cada pulsação rítmica é um ciclo, o qual, embora voltando ao ponto de partida, desloca-se, repetindo, num tom e num nível diferentes, o período precedente. Isto explicarei com mais exatidão no estudo da trajetória típica dos movimentos fenomênicos (aspecto mecânico do universo). Este é também trino em seus aspectos.