Os elétrons lançados fora do sistema planetário atômico, que se desfazem pela abertura da espiral e pela ruptura do equilíbrio atrativo-repulsivo do sistema - vórtices, também esses, de velocidade - conservam na nova trajetória ondulatória a lembrança do movimento original circular. A dimensão espaço multiplica-se pela nova dimensão tempo e temos as novas unidades de medida da energia: comprimento de onda e velocidade de vibração. De acordo com essas unidades, podemos estabelecer a série evolutiva das espécies dinâmicas.

 Vimos a gênese da gravitação, protoforça típica do universo dinâmico, e algumas de suas características. Esta emanação dinâmica da matéria, nós a vemos acentuar-se em razão direta de sua evolução (progressão constante no aumento dos pesos atômicos, no desenvolvimento da série estequiogenética) onde, no grupo dos corpos radioativos, nasce a segunda forma de energia: os raios X. A sucessão genética entre as duas formas é evidente. Assim, superado aquele traço de união que une matéria e energia, entramos nas formas dinâmicas puras.

Escalonando as formas dinâmicas de acordo com sua velocidade vibratória, a gravitação atinge os máximos do sistema. Vimos já que máxima é também sua velocidade de propagação, o que nos fez acreditar numa gravitação absoluta e instantânea, ao passo que ela é, como dissemos, relativa à massa dos corpos e transmitida por ondas (tempo).

A máxima frequência vibratória que podeis apreciar, ao invés, é dada pelos raios X, que são a primeira forma dinâmica que conseguis observar isolada. Verificaremos, numa sucessão das formas dinâmicas, um constante decréscimo de fre-quência de vibração, à proporção que nos afastamos das origens, ou seja, subindo da gravitação à luz, eletricidade etc. É lógico que as primeiras emanações dinâmicas, como gravitação e raios X, sejam as mais cinéticas, porque mais próximas da fonte de seu movimento, o vórtice atômico. Com a evolução (por causa daquela lei de degradação que estudamos), a vibração tende ao repouso e a onda cada vez mais a alongar-se; isto significa a transformação do movimento de rotação original no de translação, final do períodoβ. Mas, como vos disse, não se trata de desgaste nem de fim, mas é uma íntima maturação evolutiva, que prelude às formas de α: a vida e a consciência. Se as primeiras forças dinâmicas são mais rápidas e mais poderosas, as últimas são as mais sutis e as mais evoluídas.

Se observardes a frequência progressiva (por segundo) das vibrações de um corpo no espaço, verificareis o aparecimento das várias formas de energia. O fenômeno não é novo para vós, mas apenas a sua constatação. Partindo, para facilitar a observação, do estado de repouso (para nós, ao contrário, é o ponto de chegada), vede que no nível de 32 vibrações por segundo manifesta-se a forma que denominais som. O próprio ouvido consegue, nas notas mais baixas, perceber o ritmo vibratório lento e profundo. A frequência progressiva desenvolve-se, sucessivamente, por oitavas, princípio que já encontramos na série estequiogenética, reencontramos na luz e depois nos sistemas cristalinos e na zoologia. Perto das 10.000 vibrações por segundo, os sons, tornados agudíssimos, perdem qualquer caráter musical. Além das 32.000 vibrações, vosso poder de percepção auditiva cessa e elas não vos dão mais nenhuma sensação. Dessa frequência até o bilhão de vibrações nada existe para os vossos sentidos. Por volta do bilhão, tendes a zona das ondas elétricas (hertzianas). Somente neste nível entramos no campo das verdadeiras formas dinâmicas, cuja onda propaga-se pelo éter. As ondas acústicas são apenas a última degradação, em que a energia se extingue na atmosfera densa.

 À zona das ondas elétricas sucede, dos 34 bilhões até os 35 trilhões, outra zona também desconhecida a vossos sentidos e instrumentos. Segue-se depois a região que vai dos 400 aos 750 trilhões de vibrações por segundo, em que está a luz, do vermelho ao violeta, em todas as cores do espectro solar e, mais exatamente: Vermelho (raio menos refratário), média de 450 trilhões de vibrações por segundo; Laranja, 500; Amarelo, 540; Verde, 580; Azul, 620; Anil, 660; Violeta (o mais refratário), 700. Eis as sete notas desta nova oitava ótica e quando vossos olhos percebem vossa harmonia de cores, não podem ultrapassar uma oitava de vibrações. Além destas, há outras "notas", invisíveis a vós: os raios infravermelhos, "notas" graves demais para vossa retina; as radiações ultravioletas, "notas" agudas demais, regiões dinâmicas limítrofes ao espectro visível. As primeiras são sensíveis apenas como radiações caloríficas (escuras), as segundas, por sua ação química e actínica (fotografáveis, mas escuras para os olhos). Apenas num breve trecho inexplorado, aquém das notas mais baixas do infravermelho, estão as notas mais agudas das radiações eletromagnéticas hertzianas. Se continuardes do lado oposto, além do ultravioleta, o exame do espectro químico (muitas vezes mais extenso que o espectro visível), atravessareis uma região desconhecida a vossos sentidos, e atingireis, aos 228 quatrilhões, uma zona que alcança os dois quintilhões de vibrações por segundo. Esta é a região da radioatividade, com os raios ( α , β,  γ) produzidos pela desintegração atômica radioativa (elétrons, lançados em alta velocidade), eles são análogos aos produzidos por descargas elétricas no vácuo dos tubos de Crookes (raios X, ou de Röntgen). Se continuardes, ainda, encontrareis as emanações dinâmicas de ordem gravífica. Aqui, a série evolutiva das espécies dinâmicas liga-se à das espécies químicas, da qual é a continuação.

 Compreendamos, agora, o significado desses fatos. A série apresenta evidentes lacunas para vossa observação. Mas eu vos indiquei o andamento geral do fenômeno e o princípio que o rege; podeis, pois, seguindo sua lei, defini-la a priori em suas fases ignoradas, por analogia com as fases conhecidas, como vos disse a respeito dos elementos químicos ignorados da série estequiogenética.

 A ligação entre esta e a série dinâmica está justamente na fase das ondas gravíficas, já o vimos. Também observamos a região contígua das emanações radioativas. A escala evolutiva das formas dinâmicas sobe efetivamente destas fases de máxima frequência, para as de menor frequência, em ordem inversa à que seguimos acima, para simplificar a exposição. Em outras palavras, a evolução dinâmica implica num processo de degradação de energia, até que esta se extinga (apenas como manifestação dinâmica) em vibrações cada vez mais lentas, num meio cada vez mais denso (não mais o éter, mas atmosfera, líquidos e sólidos). O que tem contato com as formas de γ são os tipos dinâmicos mais cinéticos e isso, é lógico, pela natureza e transformação do movimento. À proporção que se afastam de  γ, tendem a um estado de inércia e também, isso é lógico, por causa do exaurir-se (resistência do ambiente e processo de difusão) do impulso original (degradação). Dessa maneira, a ordem evolutiva das formas dinâmicas é a seguinte (tendo em conta somente as regiões que conheceis):

   1º Gravitação.

   2º Radioatividade.

   3º Radiações químicas (espectro invisível do ultravioleta).

   4º Luz (espectro visível).

   5º Calor (radiações caloríficas escuras. Espectro invisível do infravermelho).

   6º Eletricidade (ondas hertzianas, curtas, médias e longas).

   7º Vida, pensamento, consciência.

 Sete grandes fases também aqui, correspondentes às sete séries de isovalências periódicas que, na escala estequiogenética, desde S1 até S7, representam os períodos de formação e evolução da matéria. As zonas de frequências intermediárias (desconhecidas, como as que tendes também nas série estequiogenética) são as fases de transição entre um tipo e outro desses pontos culminantes. Ao subir, decrescem as qualidades cinéticas, o potencial sensível das formas; mas o que se perde em quantidade de energia, adquire-se em qualidade; isto é, perdem-se cada vez mais as características da matéria, ponto de partida, e cada vez mais se adquirem as da vida, ponto de chegada. Assim, a Substância percorre o caminho da fase β , e da matéria chega à vida.

Observemos, agora, o conjunto do fenômeno, mais de perto, em sua íntima estrutura cinética. Podem individuar-se essas formas, não só pela frequência vibratória, mas também por comprimento de onda. Veremos as relações entre esses dois fatos. Comprimento de onda é o espaço percorrido pela onda na duração de um período vibratório. Individuadas pelo comprimento de onda, as formas dinâmicas apresentam-se com características próprias. Enquanto, ao subir ao longo da série das espécies dinâmicas, o número de vibrações diminui, a amplitude da onda aumenta. Assim, por exemplo, enquanto no espectro, do violeta ao vermelho a frequência decresce dos 700 aos 450 trilhões de vibrações por segundo (decresce também, o poder de refração), o comprimento de onda aumenta respectivamente de 0,4μ   (zona violeta) até 0,76μ   (vermelho). Esses são os limites dos comprimentos de onda das radiações visíveis (a letra grega μ   significa micron, isto é, um milésimo de milímetro). E continua a aumentar na direção do infravermelho e das ondas elétricas e a diminuir na direção do ultravioleta e raios X.

Se chegais aos 0,2μ   (ultravioleta) e ultrapassais o extremo ultravioleta, encontrareis os raios X. Ora, os raios X, de maior comprimento de onda, são apenas raios ultravioletas e vice-versa. Estamos nos 0,0012μ  . Continuando na outra extremidade da série X, encontrais os raios  γ, que são os mais duros e mais penetrantes, gerados pela desintegração dos corpos radioativos. Alcançais, assim, o comprimento de onda de 0,0005μ  .

Na direção oposta a onda aumenta. Além dos raios vermelhos, a zona de radiações invisíveis do infravermelho vai de um comprimento de 0,76μ   a 60μ   e além. Depois de uma zona inexplorada, aparecem radiações de comprimento ainda maior, as ondas hertzianas, que vão de poucos milímetros (milhares de μ  ) a centenas e milhares de metros, como usais nas transmissões radiofônicas.

Essa relação inversa, ou seja, tanto a decrescente rapidez vibratória como a progressiva extensão do comprimento de onda, correspondem ao mesmo princípio de degradação de energia. Nessa  degradação que não exprime perda nem fim, mas apenas transformação que readquire em qualidade o que perde em quantidade, está a substância da evolução.

 Permanecendo no campo das vibrações puras, ou seja, as do éter, excluindo da série as últimas fases (vibrações dinâmicas) de degradação em meios mais densos, no ápice da escala encontramos a eletricidade como forma mais evoluída, de frequência vibratória mínima e comprimento de onda máximo. A frequência de vibrações tornou-se mais lenta, a onda estendeu-se. A potência cinética aqui se amorteceu numa zona mais tranquila. Chegadas a esse ponto, as formas dinâmicas criaram o substrato de novo impulso poderoso, de novo modo de ser. A evolução, ao atingir o mais alto vértice da fase dinâmica, caminha para novas criações. Passa, desta sua última especialização, mediante a reorganização das formas individuadas, em unidades múltiplas coletivas, a uma espécie de classe mais elevada. Sem esta retomada evolutiva, o universo dinâmico tenderia, por degradação, ao nivelamento, à inércia, à morte11. Esse seria seu fim se, no momento da mais avançada degradação da energia, nos primeiros sinais de velhice das formas dinâmicas, o íntimo e intenso trabalho realizado (que na substância não é degradação, mas maturação evolutiva) não fosse  utilizado e as espécies dinâmicas, finalmente maduras e prontas, não se organizassem em individuações mais complexas.

 Como no último degrau da série estequiogenética os corpos radioativos se transformam em energia, assim no último degrau da série dinâmica a eletricidade transforma-se em vida. Tal como a energia significou, diante da matéria, o princípio novo do movimento por onda e a nova dimensão tempo, assim a vida, diante da energia, significará o princípio novo da unidade orgânica, da coordenação de forças: o princípio da transmissão dinâmica elevado a entrelaçamento inteligente de contínuas trocas e o aparecimento da nova dimensão consciência.