O estado das coisas, qual o verificamos na Terra, depende de nossa posição e grau de amadurecimento evolutivo, de nossas qualidades atuais, das quais deriva nosso modo de agir. Tudo depende da nossa concepção da vida e da conseqüente modalidade de comportamento.

Procuremos observar o encontro entre involuído e evolvido na vida real do nosso mundo. O embate não é por nada  pacífico e desenvolve-se no terreno de uma luta desapiedada, de todos contra todos. Em nosso mundo prevalece a lei do involuído, por força da qual o modelo ideal, o que mais vale, é o mais forte. Não se trata exatamente de um mais forte de musculatura, presas ou garras, como na floresta. A força aqui se refina na astúcia, a ferocidade pode esconder-se sob uma veste hipócrita de bondade, mas o princípio permanece o mesmo, tornando a vida ainda mais desapiedada e difícil, debaixo de uma aparência que esconde a verdadeira natureza da realidade.
Poder-se-á dizer com isto que a vida é dura, mas não que seja ilógica. É sempre coerente e justa. Como poderia deixar de ser dura, uma vez que se trata de planos de vida inferiores, cuja finalidade é de colocar solidamente as bases da vida, que, antes de ser boa e sapiente, deve ser forte? Na fase do involuído devem ser plantados os alicerces do edifício biológico e nesta não é ainda possível cuidar dos embelezamentos e refinamentos das superelevações posteriores.  Este trabalho dar-se-á depois, na fase do evolvido. Nestes planos inferiores a vida pensa concretamente.  A sensibilização é ainda escassa e é necessária uma sólida experimentação para fazê-la aparecer. As experiências do ser aperfeiçoado, dos planos mais elevados, não seriam percebidas, por serem demasiado sutis.

Não obstante o que a fera e o selvagem pensem, porque toda ação é resultado de um pensamento, suas ações são preponderantes sobre o pensamento, enquanto no evolvido o pensamento prepondera sobre a ação. Decorre disto que, enquanto no primeiro caso a ação é uma tentativa incerta, por não ser guiada pelo conhecimento, no segundo caso a ação alcança maiores resultados com muito menor esforço e gasto de energia, já que, focalizada por um pensamento preponderante, atinge exatamente o objetivo e não vai ao acaso, como acontece inevitavelmente a quem não conhece e não sabe pensar.
O primitivo é rápido em suas decisões porque pensa pouco e age muito. Este seu muito agir constitui todo o seu pensar. O evolvido é lento na ação, por ser ponderado, porque suas conclusões derivam de uma muito maior quantidade de fatores. Por isso é que, enquanto o primitivo parece efetuar grandes trabalhos, uma vez que se agita muito e não sabe pensar senão dessa forma, fisicamente, o evolvido, por sua vez, cumpre um trabalho interior, invisível, mas de grandes resultados, embora pareça que nada faça.

A compreensão entre o involuído e o evolvido, pois, é difícil. O primeiro é um domador que procura dominar o próximo para reduzi-lo à escravidão; o segundo procura dominar a sua própria animalidade e as leis da natureza para elevar-se acima delas qual seu dono. As proposições do raciocínio do involuído são muito simples: ataque e defesa. O evolvido tem consciência da Lei de Deus que dirige o Universo. Por isso a sua maior ânsia é a de saber funcionar na ordem, obedecendo disciplinadamente a vontade: de Deus. É ele o biótipo social, a célula que tende espontaneamente à unificação, possuidor de sentido altruísta. É o ser mais adiantado que vive e quer viver o Evangelho.  A Grande Batalha é travada para conseguir vivê-lo no ambiente involuído, bem aguerrido e com todos os recursos do seu plano. 

Os dois planos biológicos (do involuído e do evolvido) tocam-se e interpenetram-se. Deixado cair pelas sábias leis da vida no mundo dos involuídos para civilizá-los, o evolvido é constrangido a suportar suas leis e totalmente seu deve ser o esforço de enfrentá-las para modificá-las, uma vez que é esta exatamente a tarefa dada a ele pela vida. 

Do livro " A Grande Batalha" -  cap 02